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Caroline Pag�s Gallery: Sofia Leit�o - 2 Mar 2012 to 12 May 2012 Current Exhibition |
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Sofia Leit�o, Sem t�tulo, 2012,
livros, lantejoulas, espuma, alfinetes dimens�es vari�veis |
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Sofia Leitão Matéria do esquecimento Inauguração Sexta-Feira, 2 de Março, às 22h 2 Março – 12 Maio, 2012 «Como pude não sentir que a eternidade, ansiada por tantos poetas, é um artifício esplêndido que nos livra, embora de maneira fugaz, da intolerável opressão do sucessivo?» José Luís Borges Estas palavras de Borges no prólogo de História da Eternidade remetem-nos desde logo para uma ideia de eternidade enquanto libertadora das tensões criadas pela fricção de camadas temporais, em permanente ajuste e reajuste, na sua sucessiva sobreposição. Esta ideia atravessa também os trabalhos que Sofia Leitão agora apresenta. Neles se pressente uma reflexão dúplice sobre a memória (não no sentido de falseado – embora aborde a noção de artifício nas soluções formais – mas no de servir um duplo propósito): por um lado, a do seu lugar central na História enquanto sua fonte primordial; por outro, a da sua expressão material. A História, enquanto disciplina e ciência social e humana tem por função registar e fixar a memória coletiva de um determinado momento. Mas até essa construção coletiva, porque assente em pilares, eles próprios, matéria de um dado tempo sedimentado pelos depósitos dos ciclos geracionais e evolutivos, chegará sempre a um limite da sua própria circunstância existencial – o que uns esqueceram fará desaparecer para sempre uma fração do real; o que outros lembraram será finalmente ultrapassado pela fluência de discursos múltiplos, prolíferos e, simultaneamente, contraditórios. Será, pois, nesta relação entre recordação e amnésia, nesta simultaneidade discursiva consecutiva que surge a ideia do todo, da espécie enquanto abstração, enquanto diluição do individual no coletivo – o tal eterno de que fala Borges – uma matéria "sem tempo". Em literatura a tradição é entendida como um conjunto de cânones que classificam e/ou agrupam características comuns de um determinado momento literário, ou de criação literária. A aceitação ou não dessa tradição, a suplantação ou não dessa tradição, a sua integração na prática individual ou a sua total recusa determinará, num dado momento, o rumo que a crítica dará à sua leitura. Em qualquer caso, será esse ‘agora’ a fundamentar o que é válido, assente num passado construído por esta noção determinista de sobreposição de camadas – do conhecimento, do pensamento e da ação humana. Estes trabalhos de Sofia Leitão sublinham este entendimento de que a matéria, para lá da generalista definição de "elemento constituinte do universo", se manifesta por revelações da memória. Os jorros de uma essência ou extrato dourado que vemos eclodir dos estratos bibliográficos serão então a metáfora definitiva da materialização da memória colectiva. Livros de história e científicos, maioritariamente do século XIX, compõem uma modelar torre de Babel, cristalizada, neste caso, num momento histórico de grande expansão do conhecimento científico. Ideia retomada nos volumes enciclopédicos atravessados por cristais ou, em última instância, no globo terrestre, representação mais fiel da matéria que nos gera e que habitamos, também ele esventrado a partir do seu interior por um dos elementos mais frequentemente associados simbolicamente à comunicação entre o mundo material e o mundo sensorial. De várias vozes se faz o cântico da história. A inevitável incapacidade humana de conter manifestações físicas da matéria é acompanhada pelo ritmo, ora contínuo ora alternado, ora sincopado ora assíncrono, do coro humano. Vozes plurais que ressoam nos tempos como uma. - Gisela Leal, Fevereiro 2012 Sofia Leitão (PT n. 1977) formou-se em Escultura em 2005 pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e em Desenho pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP) em 2000. Em 2003 ela fez sua primeira exposição individual Contra Péssimos Hábitos no Maus Hábitos no Porto. Em 2005 fez uma exposição individual na Galeria MCO, no Porto, bem como 3 exposições colectivas: Anteciparte em Lisboa, XIII Bienal de Cerveira em Vila Nova de Cerveira e 100 Desenhos no Maus Hábitos. Em 2006 participou nas exposições Young Giant Painters na Galeria MCO e Surrounding Matta-Clark (com curadoria de Paulo Reis) na Galeria Carlos Carvalho, em Lisboa. Em 2009 o seu trabalho foi mostrado pela primeira vez na Áustria, em Pavilhão de Portugal na Hangart-7 em Salzburgo. Naquele mesmo ano, participou em Amália, Coração Independente no Museu Berardo em Lisboa. Recentemente o seu trabalho foi incluído na primeira edição da Trienal do Vale do Tejo (2010) e também em Mono (2010) e Negras Paixões (2011) no Círculo de Artes Plásticas em Coimbra, Portugal. Desde 2007 exibe regularmente na Galeria Caroline Pagès, em Lisboa. A sua obra está representada nas colecções de Manuel de Brito e da Fundação PLMJ, em Lisboa e Fundação Ilídio Pinho no Porto, assim como em muitas colecções particulares em Portugal, Espanha e Áustria. Para mais informação e imagens por favor contactar a galeria. Caroline Pagès Gallery Rua Tenente Ferreira Durão, 12 – 1º Dto. [Campo de Ourique] 1350-315 Lisboa Tel. 21 387 33 76 Tm. 91 679 56 97 [email protected] www.carolinepages.com |
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